quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Câncer: Prevenção primária

O câncer é responsável por 4 milhões de mortes por ano em todo o mundo. Sua causa, entretanto, permanece desconhecida. Os dados epidemiológicos coletados nos últimos 50 anos nos mostram a estreita relação entre estilo de vida, fatores ambientais e o surgimento do câncer.

Recentes avanços em biologia molecular aumentaram o nosso entendimento do processo da carcinogênese e sua interrelação com fatores ambientais e genéticos. A prevenção é a principal arma que dispomos para interferir neste complexo fenômeno da carcinogênese e impedirmos o aparecimento do tumor.

Sendo eficaz, certamente levará a diminuição da incidência de câncer e sua consequente mortalidade.

Identificação dos Fatores de Risco

A identificação e o controle de fatores responsáveis pela iniciação e/ou promoção do processo da carcinogênese é muito importante, já que o longo período de tempo entre a iniciação e a invasão oferece uma grande oportunidade para a prevenção.

Na prevenção primária, pode-se interferir basicamente de 3 maneiras:

1. Eliminação de agentes causais

Controle do Tabagismo: o fumo é responsável por 30% de todas as mortes por câncer. Estima-se que 1,5 milhões de mortes/ano estão relacionadas  ao hábito de fumar. O controle do tabagismo representa a maior forma de prevenção primária do câncer.

Controle Nutricional: alterações do hábito alimentar também poderão influenciar positivamente na prevenção do câncer. A redução dos altos teores de gordura e o aumento na ingestão de fibras nas dietas, assim como controle de peso são fatores importantes. Algumas regras básicas:

- evite obesidade
- reduza a ingestão de gorduras
- coma frutas, verduras e cereais diariamente
- limite o consumo de álcool
- limite o consumo de conservas

2. Cirurgias profiláticas

A cirurgia profilática é considerada quando o risco é extremo e a detecção precoce da doença não é possível ou não afeta o seu curso. Por exemplo, indivíduos com história de polipose familiar são rotineiramente aconselhados à colectomia total profilática quando adulto jovem porque existe risco crescente de aparecimento de câncer de cólon e reto. A retirada de pólipos intestinais em indivíduos sem risco maior previnem o aparecimento de câncer de cólon; nevos displásicos são removidos para evitar sua progressão a melanoma. Assim, toda lesão pré-maligna ou in situ é removida cirurgicamente.
Indicações de ooforectomia e mastectomia profiláticas permanecem controvertidas como forma absoluta de evitar o aparecimento do câncer. A introdução de marcadores genéticos em muito ajudará nesta decisão.

3. Uso de compostos farmacológicos (quimioprevenção)

O agentes quimiopreventivos alteram a história natural das lesões pré-cancerígenas interferindo em alterações bioquímicas que ocorrem em fases muito precoces do desenvolvimento dessas lesões.
Tanto a iniciação como a promoção tumoral são pontos estratégicos para a quimioprevenção. Os retinóides são os agentes mais estudados neste campo.
Outros estudos importantes estão em curso para determinar o seu real valor na quimioprevenção: tamoxifeno em mulheres com alto risco para câncer de mama, finasteride em homens com alto risco para câncer de próstata e ácido acetil salicílico na prevenção de câncer de colo uterino.






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