Visa identificar lesões em fase pré-clínica em indivíduos assintomáticos, quando a doença é passível de cura. Critérios definidos para implantação de programas de detecção precoce levam em conta a prevalência, a morbidade, a mortalidade e o resultante benefício na sobrevida da população alvo.
Programas de screening dos mais diversos tipos de câncer têm sido desenvolvidos. A seguir veremos um sumário dos programas aplicados ao câncer de cervix uterino pulmão, próstata, mama, cólon e reto, que são as principais causas de morte por câncer no Ocidente.
Câncer de Cervix
O uso rotineiro do teste de Papanicolau fez diminuir dramaticamente a incidência e mortalidade desta neoplasia nos países desenvolvidos. Infelizmente no nosso meio tal fato não se verifica, havendo alta incidência de doença avançada e, consequentemente, alta mortalidade.
A história natural da doença é de um longo período pré-clínico - 12 a 20 anos, progredindo com alterações displásicas, carcinoma in situ e, finalmente, invasão.
A redução da mortalidade por câncer de cervix uterino está intimamente correlacionada com a penetração dos programas de detecção precoce implantados numa determinada área geográfica.
Todas as mulheres acima de 18 anos devem, portanto, realizar a citologia cervical e após 3 resultados anuais negativos, recomenda-se repetição do exame a cada 3 anos. Exames mais frequentes deverão ser feitos nas mulheres consideradas de alto risco: múltiplos parceiros sexuais, início de vida sexual precoce, citologia cervical anormal prévia ou história de doença sexualmente transmitida, e mulheres acima de 65 anos que não tenham feito o exame nos últimos 10 anos. A observação destas recomendações reduzirá a mortalidade por câncer de cervix entre 70 a 95%.
Câncer de Pulmão
Não há no momento nenhum método de diagnóstico precoce eficaz na detecção do câncer de pulmão. Todo esforço deve ser usado na prevenção primária, criando uma sociedade livre do tabaco.
Para tanto, o Ministério da Saúde tem desenvolvido programas para redução do tabagismo através de campanhas publicitárias e até conseguido aprovação de Leis e Decretos com o objetivo de inibir o hábito do fumo.
Câncer de Próstata
A detecção precoce do câncer de próstata é possível nos dias de hoje graças a dosagem do PSA no sangue e exame retal.
Dados importantes:
1/3 dos homens com PSA > 4ng/ml têm câncer de próstata e esta possibilidade aumenta diretamente proporcional ao aumento do PSA;
40% dos homens diagnosticados com câncer de próstata pelo PSA têm exame retal normal;
2/3 dos cânceres diagnosticados no screening inicial e 75% na sequência rotineira de screening têm doença confinada ao órgão.
Embora um número crescente de homens dosem anualmente o PSA, façam exame retal e tenham o câncer diagnosticado precocemente, este programa não demonstrou benefício para a diminuição de mortalidade. Por isso ainda não se justifica o seu uso de forma indiscriminada.
Câncer de Mama
O câncer de mama é um dos líderes de mortalidade no Ocidente e sua incidência continua crescendo na ordem de 3% ao ano desde 1980. Quando diagnosticado na prática rotineira, a maioria das vezes são tumores maiores que 2 cm ou com linfonodos axilares.
O autoexame e a mamografia rotineira mostram inequívoco benefício: 75% dos casos diagnosticados eram estágio 1, ou estágio inicial. Houve redução de 23% na mortalidade das mulheres que entraram no programa de detecção precoce: 20% de redução nas mulheres entre 40 e 49 anos e 25% para aquelas acima de 50 anos (programa HIP 1963-67).
Novos programas de detecção precoce do câncer de mama foram lançados contando com mamógrafos de melhor definição de imagem, aumentando desta forma a sensibilidade do exame com uma menos dose de radiação, considerada atualmente desprezível. Para aquelas que participam dos programas de auto-exame mensal e mamografia anual, estima-se uma redução de 17% da mortalidade por câncer de mama para mulheres entre 40 e 49 anos e 30% para mulheres de 50 ou mais.
Câncer Colorretal
A sobrevida em 5 anos do câncer de cólon e reto está relacionada à extensão da doença na época do diagnóstico, o que nos leva a crer que quanto mais precocemente diagnosticarmos uma lesão, melhores serão as expectativas de sobrevida.
Indivíduos considerados de alto risco para câncer de cólon e reto são aqueles que apresentam condições hereditárias (polipose familiar, síndrome familiar de câncer colorretal etc.) e colite ulcerativa. Esses indivíduos representam somente 6% da população em risco para desenvolver câncer. Estão também associados ao risco aumentado para esse tipo de câncer indivíduos com passado de câncer de cólon ou reto ou adenomas, história familiar em parentes de primeiro grau e história familiar de câncer de endométrio, ovário ou mama. Este grupo representa 23% da população em risco. Portanto, se programas para detecção precoce forem aplicados somente a estes grupos, a maioria dos tumores não seria diagnosticado precocemente.
Há óbvia relação entre a presença de pólipos adenomatosos e o desenvolvimento do câncer colorretal; a detecção desta lesão previve o aparecimento do câncer.
Indivíduos acima de 50 anos deverão ser submetidos a exame retal, pesquisa de sangue oculto nas fezes e retosigmoidoscopia. A presença de sangue oculto ou de pólipos exigirá estudo mais minucioso: colonoscopia ou enema baritado.
Como sugestão, o toque retal deverá ser rotina do exame físico de todo indivíduo.
Após 50 anos, sangue oculto nas fezes e retosigmoidoscopia deverão ser feitos e repetidos a cada 3 a 5 anos. Atenção especial deve ser dada aos portadores de pólipos ou câncer ou doença inflamatória colorretal.
Fonte: Oncologistas Associados
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